Índice

Introdução

Proposição

Conectivos e valores lógicos

Tabelas verdade

Valor lógico da proposição

Operações l ógicas

Construção de tabelas verdade

Ordem de precedência dos conectivos

Tautologia, contradição e contingência

Equivalência

Proposições associadas a uma condicional

Recíproca da condicional

Contrapositiva da condicional

Forma normal das proposições

Exercícios

Bibliografia

 
 

Lógica matemática

 
 
Sumário:
  • Introdução
  • Proposição
  • Conectivos e valores lógicos
  • Tabelas verdade
  • Valor lógico da proposição
  • Operações lógicas
  • Construção de tabelas verdade
  • Ordem de precedência dos conectivos
  • Tautologia, contradição e contingência
  • Equivalência
  • Proposições associadas a uma condicional
  • Recíproca da condicional
  • Contrapositiva da condicional
  • Forma normal das proposições
  • Exercícios
  • Bibibliografia

Introdução

A lógica matemática trata do estudo das sentenças declarativas também conhecidas como proposições e tem por objetivo elaborar procedimentos que permitam obter um raciocínio correto na investigação da verdade, distinguindo os argumentos válidos daqueles que não o são.
O filósofo grego Aristóteles (384 - 322 a.C.) iniciou o estudo da lógica, fazendo uma representação do processo do pensamento. No século XIX o matemático inglês George Boole (1815 - 1864), criador da Álgebra Booleana, descreveu operações de lógica e de probabilidades, base da atual aritmética computacional.


Proposição

Proposição - é um conjunto de palavras ou símbolos que exprime um pensamento de sentido completo, de modo que se possa atribuir, dentro de certo contexto, somente um de dois valores lógicos possíveis: verdadeiro ou falso.
A lógica matemática se assenta em dois princípios fundamentais:
Princípio da não contradição: Uma proposição não pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo;
Princípio do terceiro excluído: Toda proposição ou é verdadeira ou falsa, excluindo-se qualquer outro valor.

Somente às sentenças declarativas pode-se atribuir valores de verdadeiro ou falso, que ocorre quando a sentença é confirmada ou negada, respectivamente. Não se pode atribuir um valor de verdadeiro ou falso às demais formas de sentenças como as interrogativas, as exclamativas e outras, embora elas também expressem pensamentos ou juízos.

As proposições classificam-se em simples ou atômicas e compostas ou moleculares.

  • Proposição simples — É um pensamento singular sem integrar qualquer outra proposição.
    Exemplos:
  • Antônio é estudante.
  • José é solteiro.
  • Proposição composta — É formada pela combinação de duas ou mais proposições simples. Exemplos:
  • Maria é professora e Pedro é mecânico.
  • Se o carro é novo, então está em boa condição de uso.

As proposições simples são geralmente designadas pelas letras minúsculas p, q, r, s, ... e as compostas pelas letras maiúsculas P, Q, R, S, ...

 
 

Conectivos e valores lógicos

Conectivos: (Termos usados para formar novas proposições a partir de outras existentes.)
  "e", "ou", "não", "se... então... ", "se e somente se ..."
Valores lógicos das proposições:  Verdade (V) e Falsidade (F).
 
 

Tabelas verdade

A Tabela verdade é um instrumento usado para determinar os valores lógicos das proposições compostas, a partir de atribuições de todos os possíveis valores lógicos das proposições simples componentes.
A primeira das tabelas abaixo apresenta duas proposições simples: p e q e a segunda, três proposições simples: p, q e r. As células de ambas as tabelas são preenchidas com valores lógicos V e F, de modo a esgotar todas as possíveis combinações. O número de linhas da tabela pode ser previsto efetuando o cálculo: 2 elevado ao número de proposições simples. Nos exemplos abaixo tem-se 22 = 4 linhas e 23 = 8 linhas.
p q
V V
V F
F V
F F
p q r
V V V
V V F
V F V
V F F
F V V
F V F
F F V
F F F
 
 

Valor lógico da proposição

Notação: O valor lógico de uma proposição simples indica-se por V(p) e composta por V(P) (letra maiúscula).
Exemplos de proposições simples: p : um triângulo têm três lados.
q : Blumenau é um país.
V(p) = V   V(q) = F   (Lê-se valor lógico de p é igual a V (verdadeiro) e de q é igual a F (falso))

Exemplo de proposição composta: p : o sol é uma estrela ou
q : a terra é uma estrela.
P(p,q) = p v q     V(P) = V     (O símbolo "v" representa o conectivo "ou" visto abaixo)
 
 

Operações lógicas

Os valores lógicos das proposições são definidos pelas tabelas descritas em cada operação a seguir.

Negação (~)   "~p"   lê-se "não p".
Exemplo:
  p : Joana é bonita
  ~p : Joana não é bonita
ou   ~p : Não é verdade que Joana é bonita
ou   ~p : É falso que Joana é bonita
p ~p
V F
F V

Conjunção (^)     "p ^ q"   lê-se "p e q".
Exemplo:
  p : A neve é branca  (V)
  q : 2 < 5  (V)
  p ^ q : A neve é branca e 2 < 5  (V)
Representação:
  V(p ^ q) = V(p) ^ V(q) = V ^ V = V
Leitura:
p q p ^ q
V V V
V F F
F V F
F F F
Valor lógico de (p e q) é igual a ou, de outro modo, valor lógico de (p) e valor lógico de(q) é igual a ou resulta em verdade e verdade que é igual a verdade.

Disjunção (v)    "p v q"   lê-se "p ou q".
Exemplo:
  p : Blumenau é a capital de SC   (F)
  q : 5/7 é uma fração própria   (V)
  p v q : Blumenau é a capital de SC ou 5/7 é uma            fração própria (V)
 
  V(p v q) = V(p) v V(q) = F v V = V
p q p v q
V V V
V F V
F V V
F F F

Disjunção exclusiva (v)    "p v q"   lê-se "ou p ou q", mas não ambos ou ainda "ou exclusivo".

p q p v q
V V F
V F V
F V V
F F F
O valor lógico é Falso(F)
quando p e q são ambas
verdadeiras ou ambas falsas.
Exemplo:
  P : Carlos é médico ou professor
Q : Antônio é catarinense ou gaúcho.
 
Na proposição composta P pelo menos uma das proposições simples é verdadeira, podendo ser ambas verdadeiras. ("ou" inclusivo).
Na proposição composta Q apenas uma das proposições é verdadeira. ("ou" exclusivo).

Condicional (—>)   "p —> q"   lê-se "se p então q" ("—>" símbolo de implicação).

p q p —> q
V V V
V F F
F V V
F F V
O valor lógico é Falso(F) no caso
em que p é verdadeira e q é falsa.
Exemplo:
  p : A terra é uma estrela   (F)
q : O ano tem nove meses (F)
p —> q : Se a terra é uma estrela, então o ano  tem nove meses  (V)
 
V(p —> q) = V(p) —> V(q) = F —> F = V

Bicondicional (<—>)    "p <—> q"   lê-se "p se e somente se q".

p q p <–> q
V V V
V F F
F V F
F F V
Uma bicondicional é verdadeira somente quando ambas proposições são verdadeiras ou ambas falsas.
(p é condição necessária e suficiente para q ou q é condição necessária e suficiente para p).
Exemplo:
  p : A terra é plana   (F)
q : 10 é um número primo (F)
p <—> q : A terra é plana se e somente se 10 for um  número primo  (V)
 
V(p <—> q) = V(p) <—>  V(q) = F <—>  F = V
 
 

Construção de tabelas verdade

a) Construir a tabela verdade da seguinte proposição: P(p,q) = ~(p ^ ~q).
     Solução:
p q ~q p ^ ~q ~(p ^ ~q)
V V F F V
V F V V F
F V F F V
F F V F V
Procedimento:

Para determinar os valores lógicos de uma proposição composta, deve-se antes relacionar em colunas as proposições simples envolvidas e dar a elas todos os valores lógicos combinados, podendo seguir a ordem na qual se começa estabelecendo na primeira linha o valor lógico Verdade para todas as variáveis, na segunda linha repete-se os valores, exceto para coluna mais a direita que recebe o valor lógico F e, assim, seguir alternando os valores até especificar na última linha o valor F para todas as proposições simples.

No exemplo acima, inicialmente, foram colunadas as proposições simples p e q e determinados todos os valores lógicos. Em seguida, foi criada a próxima coluna ~q e definidos seus valores, aplicando a operação de negação ou inversão com base nos valores da coluna q. O passo seguinte foi abrir a coluna p ^ ~q e determinar seus valores, efetuando a operação de conjunção considerando os valores das colunas p e ~q. No próximo e último passo criou-se a coluna
~(p ^ ~q)
e estabelecidos seus valores, negando ou invertendo o conteúdo da coluna anterior.

Formas de indicar o resultado da proposição composta da tabela acima:

P(VV) = V,   P(VF) = F,   P(FV) = V,   P(FF) = V    ou    P(VV, VF, FV, FF) = VFVV

b) Construir a tabela verdade da proposição: P(p,q,r) = p v ~r —> q ^ ~r.
     Solução:
p q r ~r p v ~r q ^ ~r p v ~r > q ^ ~r
V V V V V F F
V V F V V V V
V F V F V F F
V F F V V F F
F V V F F F V
F V F V V V V
F F V F F F V
F F F V V F F
A tabela verdade desenvolvida acima precisou de oito linhas (23) para dispor todos seus valores lógicos, uma vez que a proposição composta envolve tres proposições simples: p, q e r.

Ordem de precedência dos conectivos:

A precedência é o critério que especifica a ordem de avaliação dos conectivos ou operadores lógicos de uma expressão qualquer. A lógica matemática prioriza as operações de acordo com a ordem listadas abaixo.
1)  ~      2) ^ e v     3) —>      4) <—>.

Parênteses podem ser utilizados para determinar uma forma específica de avaliação de uma proposição.
A proposição  p —> q <—> s ^ r, por exemplo, é bicondicional e nunca uma condicional ou uma conjunção. Para convertê-la numa condicional deve-se usar parênteses: p —> (q <—> s ^ r).

 
 

Tautologia, contradição e contingência

Tautologia - proposição composta cuja última coluna de sua tabela verdade encerra somente a letra V(verdade).  Exemplo:  p v ~(p ^ q).

Contradição - proposição composta cuja última coluna de sua tabela verdade encerra somente a letra F(falsidade).  Exemplo:  (p ^ q) ^ ~(p v q).

Contingência - proposição composta cuja última coluna de sua tabela verdade figuram as letras V e F cada uma pelo menos uma vez.  Exemplo: p v q —> p.
 
 

Equivalência

Uma proposição P(p, q, r, ...) é equivalente a uma proposição Q(p, q, r, ...) se as tabelas verdade dessas duas proposições são idênticas.

Notação:   P(p, q, r, ...) <==> Q(p, q, r, ...).

Exemplo: A condicional "p —> q" e a disjunção "~p v q" são equivalentes como expõe sua tabela verdade:
p q p > q ~p ~p v q
V V V F V
V F F F F
F V V V V
F F V V V

Equivalência:  p—> q <==> ~p v q

 
 

Proposições associadas a uma condicional

  Proposição recíproca de p —> q    :    q —> p
  Proposição contrária de p —> q    :    ~p —> ~q
  Proposição contrapositiva de p —> q    :    ~q —> ~p

p q p > q q > p ~p > ~q ~q > ~p
V V V V V V
V F F V V F
F V V F F V
F F V V V V

Equivalências:  p —> q <==> ~q —> ~p    e    q —> p <==> ~p —> ~q
A condicional (p —> q) é equivalente a sua contrapositiva (~q —> ~p) e a recíproca da condicional (q —> p) é equivalente à contrária da condicional (~p —> ~q).

Recíproca da condicional

Exemplo:
p —> q  :  Se triângulo é eqüilátero, então é isósceles.
A recíproca da condicional é
q —> p  :  Se triângulo é isósceles, então é eqüilátero.

(A condicional p —> q é verdadeira (V), mas sua recíproca q –> p  é falsa (F)).

Contrapositiva da condicional

Exemplos:
p —> q  :  Se Carlos é professor, então é pobre.
A contrapositiva é
~q —> ~p  :  Se Carlos não é pobre, então não é  professor.
Portanto, (p —> q  <==>  ~q —> ~p) (Proposições equivalentes).

p  :  x é menor que zero
q  :  x é negativo
q —> p  :  Se x é negativo,então x é menor que zero.
A contrapositiva é
~p —> ~q :  Se x não é menor que zero, então x não é negativo.
Portanto, (q —> p  <==>  ~p —> ~q) (Proposições equivalentes).
 
 

Forma normal das proposições

Uma proposição está na forma normal (FN) quando contém apenas os conectivos ~, ^ e v.
Toda proposição pode ser levada para a forma normal equivalente pela eliminação dos conectivos —> e <—>.
Exemplos:
p —> q   =  ~p v q
p <—> q   =  (~p v q) ^ (p v ~q)
Pode-se comprovar esta afirmação de igualdade acima construindo as respectivas tabelas verdade.
 
 

Exercícios
(Para obter as respostas posicione o cursor sobre a letra da expressão)

1.  Sejam as proposições:
p : Está frio  e  q : Está chovendo.
Traduzir para a linguagem corrente as seguintes proposições:
a)  ~p                b)  p ^ q               c)  p v q
d)  q <—> p       e)  p —> ~q          f)  p v ~q
g)  ~p ^ ~q       h)  p ^ ~q —> p

2.  A partir das proposições p : Antônio é rico e q : José é feliz, traduzir para a linguagem corrente as proposições a seguir:
a)  q —> p          b)  p v ~q               c) q <—> ~p
d)  ~p —> q       e)  ~~p                   f)  p ^ q

3.  Sejam as proposições:
p : Carlos fala francês,  q : Carlos fala inglês  e
r : Carlos fala alemão.
Traduzir para a linguagem simbólica as seguintes proposições:
a)  Carlos fala francês ou inglês, mas não fala alemão
b)  Carlos fala francês e inglês, ou não fala francês e alemão
c)  É falso que Carlos fala francês mas não que fala alemão
d)  É falso que Carlos fala inglês ou alemão mas não que fala francês

4.  A partir das proposições p : Maria é rica e q : Maria é feliz, traduzir para a linguagem simbólica as proposições:
a)  Maria é pobre, mas feliz
b)  Maria é rica ou infeliz
c)  Maria é pobre e infeliz
d)  Maria é pobre ou rica, mas é infeliz

5.  Construir as tabelas-verdade das seguintes proposições:
a) ~(p v ~q)                    b)  p ^ q —> p v q
c)  ~p ^ r —> q v ~r        d)  (p ^ ~q) v r

6.  Sabendo que os valores lógicos das proposições p e q são respectivamente F e V,
determinar o valor lógico da proposição:
(p ^ (~q —> p)) ^ ~((p v ~q) —> q v ~p)
(Para obter a resposta posicione o cursor sobre o número da questão)

7.  Mostrar que a seguinte proposição é tautológica: p ^ r —> q v r

8.  Mostrar que a seguinte proposição é contradição: (p ^ q) ^ ~(p v q)

 
 

Bibliografia

  • ALENCAR FILHO, Edgard de. Iniciação à lógica matemática. 18 ed. São Paulo : Nobel, 2000.202p.
  • FÁVARO, Silvio; KMETEUK FILHO, Osmir. Noções de lógica e matemática básica. São Paulo : Ciência Moderna, 2005. 224p.
Eletrônica:
  • http://www.angelfire.com/bc/fontini/logica.html
  • http://mjgaspar.sites.uol.com.br/logica/logica#listapref